quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Cutâneo.


Dentro de sua boca pulsava um músculo resignado que batia por carma e não por vontade de viver.
Abriu lentamente os olhos e focando-o, viu-a com seus cabelos cheirosos, respirando profundamente sob o edredom.
A luz amarelada que entrou pela janela e que mudou a tonalidade da parede e dos móveis denunciava que o dia havia se libertado da noite.
O sol porém, não levou o frio, o  que não impediu que ele se percebesse suado.
A empurrou para longe de si sem ser rude e foi fumar na janela, olhando o trânsito que começava a escorrer pelas ruas frenéticas.
Estava atônito. Sentiu fome. Bebeu o misto de whisky e água que restara no fundo do copo.
Se voltou à cama e a viu sob a luz da janela tatuando seus contornos e saliências, sem lhe despertar qualquer emoção.
Quem era ela? De onde viera? O que ele estava fazendo ali com alguém que não significava nada?
Acordou-a, pediu que se vestisse e a ajudou com a tarefa de modo carinhoso e meigo. 
Ela sonolenta, consentiu e saiu tentando não pisar em nenhuma garrafa, copo, cinzeiro ou qualquer roupa ou objeto espalhado pelo chão do quarto barato do hotel onde estavam. Ela cerrou a porta insinuando um sorriso doce onde se lia: “te vejo em breve”.
Seus passos se perderam pelo longo corredor até que se ouviu o ruído do elevador.
Foi ao banheiro. Se encarou no espelho por um tempo suficiente pra pensar em sua vida, contou os fio brancos, avaliou seu porte físico e insatisfeito com tudo voltou à janela. Fechou um pouco a cortina e cheirou o que restara da noitada.
Que hora seria aquela? Ligou o celular pra saber e várias mensagens e chamadas perdidas pularam em sua tela.
Selecionou a última chamada sem se importar em verificar nenhuma e após alguns instantes de reflexão, chamou.
Uma voz masculina, num tom que fundia melancolia, indignação, carinho e alívio  perguntou:
“Amor, de novo? Onde você tá?“
“Oi, querido. Já to indo pra casa. Passo e compro pão?”

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Mais uma vez o Mário Roberto de Caruaru - PE me salvando com seus trampos gráficos.
 Segue abaixo mais trabalhos dele.


sábado, 27 de novembro de 2010

Amor Antigo


Eu estava guardado no fundo da gaveta, na pasta de fotos, no perfume, na canção chamada de “nossa música”, enfim, num linear de tempo e espaço em que a mais tênue fagulha me faria explodir como um vulcão que dormia esquecido, porém pronto pra devastar novamente sua vida, seu novo romance e macular a sua alva paz.
Não que eu queira isso, mas é assim que as coisas funcionam.
Eu sou o Amor. Só que como meu tempo já passou, agora sou Amor Antigo...e sim, eu sou perigoso.  
Mas nem sempre represento ameaça, algumas vezes me transformo em amizade, em outras desprezo e quase que sempre em algo inacabado que precisa de um desfecho diferente, mesmo que o mesmo, só que pintado de outra cor.
Bom, você sabia onde não ir, onde não mexer, o que não ouvir, com quem não falar...
Mas como você é só esse monte de carne fraca. Deu no que deu.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Asas



Queria estar em todos os lugares e com todo mundo ao mesmo tempo.
Tinha asas de Mercúrio nos pés, mas essas não a tornava um ser alado.
Eram apenas o resultado de uma vontade latente de liberdade contida em sua carne que de tão aguda se fez brotar na forma  das tais.
Ela   queria  estar comigo, mas como fazer pra conciliar com a  ânsia de liberdade?
Entorpecida, um dia despertou de uma sesta e decidiu que tinha asas maiores e partiu chacoalhando as roupas do varal com o mover de suas potentes asas dorsais.

As asinhas dos pés, agora são seu norte e seus anseios a guiam para o encontro de todas as coisas que quer abraçar.
Sim, ela ainda  me visita de quando em quando.
Eu, por ama-la tanto, a recebo com festa todas as vezes que pousa em meu quintal fazendo alarde e me resigno com a dádiva de saber que dentre tantos nessa imensidão de gente sou o escolhido como o que detém o posto de “porto seguro” e onde se aconchega e pra quem conta suas peripécias e desilusões que vem tatuadas em sua pele queimada de aventuras.
Quando parte, eu sonho com ela e suas histórias e me alegro, pois sei que está indo apenas fazer o que na verdade mais busca, que é encontrar motivos pra voltar.




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Este é um post excepcional, pois ganhei a ilustra acima. 
Até aí seria tudo normal, mas esta foi confeccionada especialmente para este  texto.
Pensa numa pessoa que de tão contente estaria abanando o rabinho, se tivesse um.
Eu!

Ilustra do Mário Roberto de Caruaru - PE , meu querido. Segue abaixo mais trabalhos dele.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Faz de conta que é pra sempre


Eu posso sentir a felicidade de nossas vidas juntas,
tal como sinto a pressão de sua mão presa à minha agora.

E aí eu brinco de “Faz de conta que é pra sempre!”
E planejo viagens com você nas próximas férias
e já prevejo que  será divertido, mesmo que tudo de errado.
E vejo nosso filho com minha boca, seu nariz,
meus olhos e seu jeito imperativo e moleque
e entendo o quão ele será divertido e apaixonante.

E aí eu brinco de “Faz de conta que é pra sempre!”
E visualizo um futuro juntos, com a certeza de que esse brilho
em seus olhos reflete minha ternura e a alegria de te ter pra mim.
 E acredito que por toda minha vida
 vou sentir essa alegria  que sinto toda vez
que te vejo vindo, rindo, me querendo e me amando.

Eu brinco de “Faz de conta que é pra sempre!”
E me sinto protegido por sentir seu zelo e seu carinho
e nem me lembro da possibilidade disso tudo ter um fim
logo após eu me virar e despertar.


*** ***** ***

Foto gentilmente  enviada por Ricardo Cosmo de Londrina PR, mais trabalhos do Ricardo no link abaixo:


terça-feira, 24 de agosto de 2010

Retratos



O dia amanheceu com um cheirinho novo, porém com nuances já conhecidas por muito naquela manhã de sábado.
O “acampamento” foi montado bem no meio de um canteiro no antigo “shopping azul” e mal sabíamos das aventuras que teríamos a seguir.
Os primeiro dias de captação de imagens para o curta “Retratos” de Bia Leles, foram debaixo de um sol forte e um  céu azul, lindo que nos proporcionaram  marcas de camisetas e imagens que superaram expectativas.
O legal foi que passar tantas horas no meio de uma praça com um fluxo tão grande de moradores de rua, transeuntes, “solícitos”, artistas, cantores de rap e curiosos, pode crer que serviu pra nos abrir os olhos pra uma realidade que quem passa rapidinho não imagina. Isso não tem preço e fica meio que como uma sementinha. 
Como isso vai germinar na cabeça de cada um é um mistério.
Mas dentre outras coisa, já descobrimos que alguns moradores de rua tem celular e falam horrores.  
Que somos todos um bando de viados e sapatões (um atrás do outro, mesmo quem é casado).
Que nossa equipe adora banana e que a casca também é comestível. Fita adesiva também.
Que comer marmitex na praça sentadinho no chão não mata ninguém e nem é tão ruim assim...
Protagonistas são deliciosos.
Causamos vergonha de ser brasileiro em algumas pessoas. Aff!
Violão é uma coisa que relaxa a gente! 
Figurante não é uma coisa fácil de se arrumar.
Margarida é retrô e não se acha mais. Aliás, a Saga em Busca da Margarida Perdida pelo visto terá capítulos sensacionais durante os próximos dias.
Insanidades à parte, sempre estávamos, ora esperando o fim da captação com os balões com gás hélio só pra fazer voz fininha, ora tentando fazer um transeunte ou outro circular, pois queriam fazer parte do elenco, da produção ou da atmosfera divertida.
Enfim, fazer cinema sem incentivo, sem dinheiro, só com a cara e a coragem da trabalho,  mas êêêh, coisa boa!
Ver o filme surgindo a cada captação, cada detalhe discutido, cada insegurança sendo superada já é pagamento que nos dá a sensação de estarmos devendo troco.

*****   ***   *****

Foto do Fotógrafo Luiz Aureo. 


quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Roletatividade.



Você me deu a mão e saímos correndo e gritando pra pegar impulso.
Acreditamos na capacidade de nossas asas e alçamos vôo.
Como pássaros brincamos de “ser livres”.
Te levei a lugares onde você nunca havia visitado e te mostrei o meu mundo.
Você se deu o direito de ficar doente de paixão e se mostrou sem medo.
Pedi para que não mentisse. Ou que mentisse, se isso fosse conveniente.
Liberto de pudores te aceitei.
Conheci seus mais “pejoráveis” adjetivos e até me apaixonei por alguns deles.
Te conduzi numa dança só minha e você se soltou. Não se importou com os olhares desejosos, ciumentos, invejosos e desdenhosos.
Fomos nós mesmos, como lhe propus e vivemos intensamente aquele efêmero instante.
Mas... a magia acabou quando sem a aura do tesão, vi tudo aquilo sujo, feio e profano que se esparramava e gritava à minha frente.
Você assim, se tornou "mais um".
Eu te ligo.
Próximo!

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Ilustra gentilmente cedida pelo meu xará Walmir Orlandeli

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Quero ser um pouquinho seu.



Quero ser um pouquinho seu.

É... Sem a pretensão de ser por toda a vida de uma estrela.

Não quero desvendar seus mistérios. 

Suas feiúras não me interessam, 

aquelas que se percebem com o tempo... 

Muito menos as sua nuances adoráveis, 

Essas, podem ser difíceis de esquecer e de ficar sem. 

Então, melhor mesmo é nem saber que elas existem.



Quero ser um pouquinho seu.

Não é por muito tempo não... 

Só mesmo pelo tempo suficiente pra ter saudade depois. 

Não quero que veja o quanto sou mau, 

fedido, mau-humorado e egoísta.

Quero somente que conheça o quanto sou meigo, 

romântico e carinhoso. 

Como me visto bem e o quanto sou gentil.



Quero ser um pouquinho seu.

Esta florzinha que te dou agora tem seu tempo.

E não precisamos

muito mais que isso:

sermos um do outro. 

*** ***** ***

Foto "furtada" da Mona Luizon


quinta-feira, 17 de junho de 2010

O Balão Amarelo.

Depois de esperar meia hora pela “próxima brisa”, lá se foi meu balão amarelo a experimentar a liberdade de voar. Tinha desenhado uma carinha feliz e preso a ele bailava uma fita azul.

De lá de cima, beijando as nuvens e se requebrando ao sabor do vento, deu bom dia às sementes de dentes de leão, às pipas desafiadoras e brincou de flutuar com urubus graciosos.

Passou por mim tão contente que ao me girar rápido ainda consegui ouvi seu riso, mesmo de longe.

A favor do vento, rodopiou e se encheu de perfumes que eu não conheço.

Viu a Terra com cores e tons que eu não imaginava existir.

Me contou que teve medo, mas foi levado carinhosamente por milhões de mãos a mergulhar num céu que não era de brigadeiro, mas era digno de qualquer autoridade.

Abraçado pelo calor quente de uma tarde de sol, com a claridade que não ofusca nada e sim, torna nítida cada cor e toda forma, quase viu as verdades escondidas por trás das súplicas que subiam aos santos, os quais acenavam e o desejavam “boa viagem!”.

Seguiu seu itinerário, rio e se divertiu com as amizades que fez e com tudo que conheceu e aprendeu.

Mas como um pirulito a aventura teve fim.

Ele voltou. Me contou essas e muitas outras peripécias e me incumbiu de retransmiti-las.

E agora, cá estou eu.

Prazer! Sucursal de quem vive e sabe viver.

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Foto roubada descaradamente de Gerson Rossi. rsrs



sábado, 22 de maio de 2010

Supercine.

Sei lá. Tem dia que a gente não quer nada.

Mas talvez um colinho.

Um beijo nos olhos.

Uma canção murmurada no ouvido.

Tá, to carente!

Vou comprar um cachorro.

Pelo menos ele me lambe.

oooooO0Oooooo

Foto delicadamente furtada de Gustavo Lopes Castro. http://www.flickr.com/photos/lopescastro/


quinta-feira, 13 de maio de 2010

Ctrl C / Ctrl V dos Dragões - Compras.

madeira. diz:

*VÁÁÁUUUOOOOOOO

=)....Valmir(8) diz:

*nhoooooooooooooo

*bom dia

*to sodade de voceeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee

*voltaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!

madeira. diz:

*to voltandoooo jaja...

*sonhei com vc essa noite

*NUNCA PASSEI TANTA RAIVA NUM SONHO SÓ

=)....Valmir(8) diz:

*hhuhauhauha

madeira. diz:

*a gnt tava no riopretoshopping pra comprar umas coisas pq ia ter rango no FHHHEEERR...

=)....Valmir(8) diz:

*hmm

*:P

madeira. diz:

*eu todo preocupado em saber as coisas que precisavam, pq o Fer tinha passado a lista pra vc

*e vc tava UMA DESGRAÇA DUM MULEQUINHO DE 4/7 ANOS

=)....Valmir(8) diz:

*ixi já to imaginando....

madeira. diz:

*saia correndo

*se escondia de mim

*fazia eu encher o carrinho com umas coisa nada a ver...

=)....Valmir(8) diz:

*huahuahaa

*ce num me bateu?

*aa mas eu batia tanto!!!

madeira. diz:

*não te alcançava...

=)....Valmir(8) diz:

*é q comprei tênis novo....

*por isso!

madeira. diz:

*aaihh, comprei 4 jeans novos.. agora preciso de outro tênis

*só tenho o vermelhinho. tadinho di eu

=)....Valmir(8) diz:

*comprou 4 tênis e ta só com o vermelhinho? (!!!)

*aaaaaaaaaaaaaaah “dins”

*li errado..

* té parece....só o vermelhinho...

*confundi pq também acaba com "s"

*leitura dinâmica às vezes é phoda!

madeira. diz:

*,

*,

*,

=)....Valmir(8) diz:

*?

madeira. diz:

*DERRUBEI LEITE NO “TECRADO”

=)....Valmir(8) diz:

*aff

madeira. diz:

*tudo grudandoooo



sexta-feira, 7 de maio de 2010

O Tempo.

Ei-lo. Vê?

Não?

Mas ele te vê.

Ele te arrasta.

A você, a mim e a todos.

Sutilmente a ponto de não percebermos seus braços e dedos carinhosos e macios a nos direcionar à frente, sempre à frente, ao fim, mas ao mesmo tempo a novos inícios.

Umas vezes nosso amigo, outras nosso algoz, como uma avalanche de tudo que é existente lá vai ele em sua trajetória pela eternidade.

Revolvendo, apagando, destruindo e muitas vezes

trazendo à tona tudo o que já existiu.

Segredos, glórias, derrotas, desejos, mártires, crueldades, cobiças, amores.

Vai levando peças do passado e juntando com as do presente e logo ali,

transformando em algo “novo”.

Como parasita cravada em suas costas, sugando toda e qualquer possibilidade de desenterrar e nos trazer emolduradas qualquer migalha de algo que já se foi, está a Saudade.

Esta, procuro te-la como amiga. Mas aí, cada um, cada um.

E cada dia, um dia.

E cada madrugada também.

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Roubei essa foto da Bia Lelles. http://www.flickr.com/photos/bialelles/

Bia, perdão e obrigado! srrs.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Pereba.

Olha como ela está viçosa, gorda, tá linda que dá gosto!

Hunf!

As portas pra bonita são: abacaxi, sumo de laranja, stress ou sol no quengo.

Pode furar as bolhinhas, queimar, xingar, desesperar. Nada resolve.

Ciclo dosinfernos.

Se coçar na sexta... Já era!

Findessemana tá no sal.

Desmarque os compromissos mais “salientes”.

Aciclovir à mão? Menos mal. Se não tiver... Ôooh Diação!

Bom, ela até que não é tão má companhia depois que você se acostuma.

Acaba sendo divertido acompanhar o desenvolvimento da bichinha.

Ô dó!



quinta-feira, 8 de abril de 2010

Amor?


Te amo , tanto , tanto que vou te por numa caixinha. Toda linda, encapada com papel com corações lanceados e forrada com veludo.
E pra você não ir mais embora, um lindo laço de cetim te cerrando junto de mim pra sempre.

Vô te deixar lá. Chacoalhar de vez em quando. Mexer em você com uma varinha.

Abrir a toda hora que eu desejar pra te falar oi.

Te alimentar, dar banho, fazer cafuné, agarrar, apertar....

Vou quase te afogar com tanto beijo pra depois te por no sol pra secar e quem sabe começar tudo de novo.

Mas quem manda você ser assim? Uma “delicinha”.

E claro, vou estufar o peito e te levar no trabalho pra te exibir pra todo mundo. Pra todos verem que eu tenho alguém tão especial e esse alguém tem todo o meu amor.

Pra quando eu não estiver por perto, vou me eternizar em fotos e colocarei num iPod as músicas que eu mais gosto pra você me ver, e quando ouvir as canções, lembrar de mim e nunca sentir saudades.

Tudo isso pra eu ter você por todo o tempo e a todo o instante.

Pra você ser minha.

E eu poder ser seu.

Porque eu te amo.

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Foto gentilmente cedida (ou de li ca da men te roubada) de Gustavo Lopes Castro

http://www.flickr.com/photos/lopescastro/

terça-feira, 6 de abril de 2010

Páscoa.


Estava neste feriado curtindo colinho de mãe e carregando as baterias de uma forma que só família consegue. Lá, onde sabemos que realmente e incondicionalmente somos amados e amamos igual.

Desabafando nossos flagelos e regozijando nossas alegrias, se reafirma a importância que cada um do clã tem e o quanto cada um tem um valor impagável.

Se vocês aproveitaram da mesma forma, ótimo. Se não, ótimo também. Cada um tem suas necessidades, afinal não é preciso ser Páscoa pra isso.

Aliás alguém lembrou o motivo de sexta ser feriado e de domingo ser Páscoa? Pois bem, as datas cristãs já se tornaram pra muita gente ocasiões como o dias Dia das Mães e Dia dos Namorados, épocas criadas pelo capitalismo pra se receber e dar presentes, não que não seja gostoso...É gostoso e como é! Mas e o que está intrinseco?

Quantos ovos um monte de criança comeu e nem se quer lhe foi explicado o motivo? Aliás, tarefa árdua se for imaginar a cabecinha de um acriança processando o ato de comer ovo de chocolate e associando-os à morte e ressurreição de Jesus.

Que fique claro que isso não é uma apologia à religião, ao cristianismo ou qualquer coisa do gênero e sim uma análise da mudança de comportamentos e conceitos a qual está passando a sociedade.

Enfim, muta-se e sobrevive-se, a pesar dos pesares. (ou não)

E viva o Coelhinho da Páscoa!!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Um ano de Sopa de Dragões.


Eeeeeeeh! Viva eu, viva tudo, viva o Chico Barrigudo.

Nossa. Um ano. Quem diria?

Comecei esse blog por brincadeira e hoje já não consigo imaginar minha vida sem ele.

Quero agradecer a todo mundo que leu, que comentou no blog, pessoalmente, que me cedeu fotos, me ajudou com ideias ou que simplesmente abriu, viu e foi embora.

Nesse um ano procurei não só expor um pouco de minha imaginação, como exemplos de boas ideias, bom música, filmes, e cultura de tudo que foi tipo que achei que fosse interessante.

Espero que continuem lendo, curtindo minhas dicas e que eu possa cada vez mais conseguir conquistar uma crítica ou a atenção, mesmo que por alguns minutos, de cada um de vocês e de cada vez mais pessoas.

Enfim, muito obrigado por sua visita, pois como já é sabido, sem ela todo o tempo investido seria em vão. Acredite!


quinta-feira, 25 de março de 2010

Logorama.

Logorama é um curta de animação de 2009 que ganhou o Prêmio Kodak 2009 em Cannes e o Oscar de Melhor Curta de Animação deste ano.

O filme foi prodizido e dirigido por H5 / Alaux François, Hervé de Crécy, Ludovic Houplain. Eles usaram 2500 logos e mascotes para narrar a inusitada perseguição policial dos policiais (Bonecos da Michelin) a um maníaco procurado pela polícia (Ronald McDonald).

Senti falta do Google, que não encontrei em lugar nenhum do filme, se souberem se aparece ou não, me avisem. Curioso é que quando um dos policiais pede pro outro ir na lanchonete e trazer uma Coca, ele não encontra, só se vê algumas garrafas muito de relance sobre as mesas e o balcão da lanchonete durante a trama.

O Filme nos dá uma boa idéia de como somos “devorados” pela publicidade e como ela está incrustada em nosso dia-a dia e nem percebemos e claro, como o texto de Drummond, que já postei aqui, onde ele diz que somos outdoors ambulantes faz todo o sentido.

terça-feira, 23 de março de 2010

Olivia


Lasciva e malemolente, assim era Olívia.
Seduzia e encantava, diziam, encorporada em Janaina.
Tinha lá seus dotes, mas não se achava bonita nem atraente, dizia que se fosse homem não se pegava de jeito nenhum, mas como havia louco pra tudo. Amém!
Era dada sim, mas era sutil e recatada nas vestes. Culpado era do vento que levantava sua saia, espalhava seu perfume e lambia suas curvas e seus cachos morenos. Ela apenas dançava ao sabor de seu parceiro invisível e ordinário.
Quem só ouvia falar sonhava com seus carinhos, e quem a teve não mais dormia.
Mimos, agrados, brilhos e maciezes não a prendia. Aceitava tudo de bom grado, mas sem nenhuma promessa de dar qualquer coisa em troca, muito embora o seu “sim” aos regalos os enchiam de esperanças.
Um dia para Olívia nunca era igual ao outro. Ora fugia risonha e regateira ora se esfregava com um varão que lhe era agradável. Isso, em qualquer canto, fosse noite ou com o sol que brilhava.
Um dia porem, ela desapareceu, para alegria das rejeitadas emputecidas de inveja que eram sempre deixadas para depois.
Dizem que embuchou e hoje vive em São Paulo.
Seu Maneco que ainda tem família em Rio Preto, dizem: sustenta ela e o bacurizinho que já cresceu bem e estuda pra enfermeiro numa instituição. Seu Maneco agora sempre viaja pra capital sozinho. Ele acha que o menino é dele, mas é “cuspido e escarrado” o Seu Agostinho borracheiro. Que Deus o tenha!
Olivia tem um salão de cabeleireiro que Seu Maneco montou. Ela já não tem seus dotes, não tem ânimo para dançar nem exala seus perfumes ganhados. Tem só lembranças... Muitas e boas.
Vez ou outra ri sozinha e se questionada diz que não é nada e conclui que quem viveu, viveu. Quem não viveu lamenta por ter sido covarde. Nunca ninguém entende nada, mas ela se dá por satisfeita, muda de assunto e continua sua vida, pois a resignação virou conformação e ela entendeu que as coisas se ajeitam sozinhas e que tudo tem seu tempo nessa vida.
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Foto gentilmente cedida por Gustavo Castro Lopes. Valeu garoto!!
Para ver mais fotos dele acesse: http://www.flickr.com/photos/lopescastro/

sábado, 20 de março de 2010

Andy Warhol – Mr. América / Pop Art


A Pinacoteca de São Paulo receberá, a partir deste sábado (20), a maior exposição dedicada a Andy Warhol na América Latina. Com 170 obras, entre elas pinturas, gravuras, fotografias, filmes e instalações, a mostra “Andy Warhol – Mr. América” explora temas relacionados à política e cultura popular norte americana.

Entre os principais destaques da exposição encontra-se a série de retratos de Marilyn Monroe (1967), Jackie Kennedy (1964) e as Sopas Campbell (1968). Além disso, durante a exposição será exibido um ciclo de filmes produzidos por Warhol com temas como sexo, morte, beleza, alienação e poder, tudo produzido em seu estúdio próprio, The Factory.

Warhol é o maior ícone da Pop Art, movimento que nasceu na Inglaterra nos anos 50, se apropriando de imagens da cultura de massa ou que fizessem parte do universo de consumo, mas atingiu seu ápice nos anos 60 nas mãos de Warhol e outros artistas.

Data: 20 de março até 23 de maio
Estação Pinacoteca, Largo General Osório, 66 (ao lado da Estação da Luz)
Telefone: 011 3335-4990.
Horário: Das 10h às 18 horas
Entrada: R$ 6, e aos sábados entrada franca

sexta-feira, 12 de março de 2010

Tie In.

Olha só. Super produções estão sendo muito facilitadas pelo Merchandising Editorial, ou Tie In. Que são aquelas “incursões sutis” de alguns produtos nos filmes, novelas e ultimamente em games e vídeo clipes.

Quem já não reparou no carro que o galã dirige na novela, o perfume que a mocinha passa antes de sair com o namorado, o refrigerante tomado pelos brothers do BBB, o luminoso que aparece no meio das perseguições de carros em filmes de ação e a vodca que está no balcão de bares de tudo que é coisa que assistimos por aí?

É a publicidade tomando conta de tudo gente! Graçasadeus!

Veja o clipe da Música Telephone de Lady Gaga com a Beyoncé.

http://www.youtube.com/watch?v=GQ95z6ywcBY&feature=PlayList&p=C4B9C7326E087E89



quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Será?


“Será?”

Era tudo que conseguia pensar naquele instante. Olhava o sorriso emocionado do homem que a tinha como centro do universo e imaginou como seria sua trajetória nessa terra a partir de então. Pensou no quanto ele a amava e no quanto ela seria “feliz”.

Sua espinha estremeceu quando olhou pra seus pais e para os pais do homem que sabia, seria o que amaria eternamente.

Todas as indagações estavam saltitando, pulsando, vibrando e explodindo ali na sua frente. Não tinha todas as respostas e só o que via era o sorriso lindo do homem pelo qual seria capaz de tudo.

A incerteza de um futuro ao lado dele a amedrontava. Estariam preparados?

E a rotina, a convivência diária? O que aconteceria?

Olhou pra igreja, pros convidados, padrinhos e por fim pra imagem de Sto. Antônio no altar.

Sorriu pro homem da sua vida. Soltou-lhe as mão. Lhe deu um beijo caloroso que fez os convidados vibrarem e fazer a cabeça de Otávio girar.

Arrancou os sapatos jogou pro lado. E gritou sorrindo e aliviada:

“Não!”

Correu pelo corredor em direção à porta esvoaçando o vestido sob os olhares aflitos de todos. Quase lá fora se voltou pro noivo, retirou os cabelos do rosto e gritou novamente:

“Vem amor! E vamos pra festa gente. Ninguém precisa disso não.”

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Fotinha da Flávia Carvalho http://flaviadicarvalho.wordpress.com/

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A mão é sua.

Corre.

Hoje é seu dia!

Não venha pulando como criança.

Pois hoje não ligo

se não sou nada além

De alguém que te agita.

Se você me irrita.

Se por mim palpita

Seu coração vadio.


Corre.

Hoje pode ser seu dia...

Mas venha sem esperança.

Hoje não ligo

se você é alguém.

Que me desprezou.

Se você me desejou,

Se por você se quebrou

Meu coração vazio.


Corram.

Hoje é o dia!

Mas não parem no sinal.

Sou de todos e não sou de ninguém.

Cheguem mais perto.

Meu corpo está liberto.

Ele está aberto

À todas as possibilidades.


Há dias que você é deus.

Há, que você não existe.

Há noites que não me importa se é você ou não.

Há, que me desespero.


Mas então vamos lá!

Quem pegar é dele.

1, 2, 3 e já!

Será?


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Foto do fotógrafo curitibano Cadu Silvério. http://www.flickr.com/photos/cadusilverio/