quinta-feira, 21 de maio de 2009

Juliana Lima

Conheci essa cantora, compositora, instrumentista e arranjadora, por influência do Miuner, que a conheceu em um barzinho em Santo André. Ainda não a vi cantar pessoalmente, mas algumas músicas estão disponibilizadas no site. Baixei algumas e já me apaixonei.
Ela é formada em Musicoterapia. Influenciada pela família. Juliana Lima, desde muito cedo descobriu sua vocação, iniciou os estudos musicais (orgão popular) aos dez anos.
Logo em seguida, passou a estudar violão que se tornou seu companheiro inseparável. Suas primeiras apresentações em público foram no ginásio, onde recebeu o convite para participar de sua primeira banda.
Aos 24 anos, Juliana lima assina mais de 300 composições, algumas delas encontram-se registradas em 3 CDs, todos independentes, o primeiro "PROCURO UM AMOR" (1997), o segundo "RAIOS DE SOL" (2002), o terceiro "TUDO & MAIS" (2006), e o quarto, "O DOM", que acaba de sair, logo logo vocês terão noticias dos shows de lançamento.
Ta aí o endereço do site pra quem tiver interesse em conhecê-la também.

http://palcomp3.cifraclub.terra.com.br/Julianalima/

Ela está concorrendo ao Garagem do Faustão, se você gostou, dê sua nota ao vídeo, neste site:

http://domingaodofaustao.globo.com/Domingao/Garagemdofaustao/0,,16989-p-V1001744,00.html

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Ewerest


A noite fresca era um convite à caminhada. Parou defronte seu amontoado de calçados e lá de baixo de quase tudo viu umas sandálias de couro que há muito, não usava. Mentalizou-as em conjunto com a roupa que já estava e pensou: é você!
Saiu todo garboso, andando com as bonitas. Fez questão de passar do lado de um grupinho de garotas com a sensação de que iria chamar a atenção, se chamou, já não sei, mas ele estava se sentindo o “must”.
Caminhou por mais um tempo. Percebeu então, que as sandálias por vezes queriam sair voando de seus pés, pois não tinham aquelas correias atrás do calcanhar. Alguns metros adiante, seus pés já estavam ficando doloridos e estava mais cansado que o normal, pois estava com dificuldades para manter as danadas presas aos pés e não vê-las ficando pra trás ou sumindo lá adiante. Sem falar no solado duro!
Tinha caminhado um tanto bom e agora só pensava na volta. Já não tão orgulhoso das sandálias e desejando com toda força estar com um de seus tênis, nem que fosse o Reebok mó velhão. Tirou as malditas dos pés, porque já estava andando todo torto. Sem falar que estava prevendo as bolhas que iam aparecer.
Enfiou uma mão em cada uma delas e partiu pra casa. Pelo caminho reparou o quanto as texturas de cada pedaço de asfalto e de cada calçada eram diferentes entre si. Umas tão lisinhas e outras superfícies tão grotescas e com saliências que faziam doer suas solas fininhas, tão acostumadas ao aperto sufocante dos calçados.
Quis de todo coração que algum conhecido passasse e lhe desse uma carona pra casa. Já não sabia o que era pior, descalço ou com as filhas da puta. Nessas horas não se pensa mais direito. A meta era só uma: chegar em casa.
Continuou caminhando fazendo caretas de dor, tantas que já estava repetindo algumas. Eram tantas as pedrinhas minúsculas, buracos, lixo ou qualquer outra coisa que o tato menos evoluido das solas não identificavam.
Pulava daqui, desviava dali e mentalizava qual rua seria melhor pegar, por conta do tipo de calçada que iria ter que passar.
Já estava exausto. Ficou lembrando de quando era criança e corria pelas ruas descalço. Como não doía? As ruas não tinham pedras? Os pés da gente são mais resistentes quando se é mais jovem? Seria o peso? É, não tinha mais 20 quilos e se lembrou de como havia engordando depois do casamento. "Por que isso acontece depois que a gente casa?" Pensou sobre o assunto um instante. Teria tentado solucionar esse outro mistério se a atual situação não o estivesse flagelando tanto.
Acabou fazendo um caminho mais longo devido ao tipo de lugar que preferiu passar.
Chegou em casa com um sentimento de glória e fadiga de quem chega ao pico do Ewerest.
Rita o assistiu chegar com cara de poucos amigos e sem a olhar nos olhos, isso fez com que permanecesse calada. Entendeu tudo quando viu as sandálias nas mãos. As mesmas que na ocasião da compra, o elertara do quanto seriam desconfortáveis.
Osmar foi direto tomar uma ducha e tirar a nhaca que trazia nos pés. Enquanto a água caia, pensava no quanto um sapato chega sujo da rua.
Rita foi-se rindo pra cozinha pegar um copo de Coca. Calçava suas Hawaianas amarelas com as correias enfeitadas com canutilhos e miçangas. Enquanto andava, as olhava e pensava como eram lindas e confortáveis. Voltou pro quarto e terminou de assistir Caminho das Índias.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

No meu tempo...


“Eu fico com a pureza da resposta das crianças
É a vida, é bonita e é bonita...”

     É quase tudo eletrônico e virtual: Amigos, jogos, babás, entretenimento. Cadê os álbuns de figurinhas? Os carrinhos de rolimã nas ladeiras, o bando de moleca que saia pra andar de bicicleta, o vento na cara?      Ninguém mais joga burquinha, nem figurinhas de chicletes. Cadê as brincadeiras dançantes com os passinhos e as lentas? As peladas na rua com golzinho de Havaianas onde vira e mexe tinha neguinho arrancando tampa do dedão. Vigi, que dor!
     Cadê todo mundo que vivia empoleirado nas árvores?  É, cresceram...
     E vêem uma geração que não brinca. Que passa horas jogando em seus micros, que não quebra mais o braço brincando. Doía? Doia muito, mas não morríamos por isso e ainda era o máximo assinar no gesso dos amigos.
     Lembram da campanha do Omo? “Porque se sujar faz bem!” Pois é! Precisamos incentivar essa criançada a fazer coisas de criança, a serem crianças!!
     Elas não têm que ter atitudes de adultos elas não têm discernimento pra escolher e a vida passa tão rápido... Um dia elas simplesmente se darão conta de que não são mais crianças e que perderam oportunidades fantásticas de serem felizes e ainda colocarão a culpa em nós.
     Policiem suas crianças, brinquem. Não tenham “adultinhos” em casa, bitolados em aparatos modernos que não são brinquedos, que não deveriam ser presentes de Natal, que não estimulam o dividir e o relacionamento interpessoal, só divertem.
     E o divertir por divertir, aliena. Leia com eles, Eu fico com vergonha quando leio as barbaridades e a forma como escrevem por aí. Brinquem. Gastem um tempo com eles, Mesmo que isso não seja uma coisa fácil.
    Há crianças que nunca viram uma vaca, nem galinha, muito menos peru. Não tiveram a deliciosa experiência de chupar manga ou jabuticaba trepados no pé... 
     Com quantos anos você teve sua primeira experiência sexual? “Meudeus!” Então!! 
    Sei que elas vão crescer, Achar seus próprios caminhos, assim como nós achamos (ou pensamos que achamos) mas como seria melhor se elas o fizessem de uma forma mais lúdica e com pureza, aquela, que falava o Gonzaguinha.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Veneziana


Da minha janela não tenho a graça do por do sol.
Lá em baixo não passa banda.
Não tem como por travesseirinho pra repousar
Os cotovelos e ficar olhando pra inquietude da vizinhança.
Tem grades que acumulam pó. (ela toda acumula pó)
Passarinho nenhum vem dar o ar da graça.
É, tem dia que é ruim pra abrir, dá uma emperrada de leve
Que não chega a me irritar, mas dá uma perturbação.
Ela não tem sensores e laser exterminador de pernilongos.
Ah! Entra um pouco de vento por ela sim,
Mas não entra luz do sol de manhazinha
Por fresta nenhuma fazendo aqueles filetes de luz amarelo ouro
Onde a gente pode ver quanta coisinha miúda
Fica voando no ar e a gente não percebe.
Não tem como desenhar no vidro quando embaça.
Não tenho como pular, mesmo que eu não tivesse a vergonha
De passar pelo vexame de morrer tão novo.
Vasinho com margarida? Tem jeito não.
Nem de contemplar o esplendor da lua
Mesmo nas noites mais estreladas de inverno.
Não tenho tranças pra jogar, mas até aí a culpa não é dela,
Mas também não teria como jogar mesmo se eu tivesse.
Não é amarelinha, nem azul, nem verde.
Que sem graça! Minha janela não tem poesia nenhuma.

Eu, Etiqueta

Hoje vou postar um texto de Carlos Drummond de Andrade que sempre me faz pensar. Será que somos "homens-anúncio itinerantes" e divulgamos sorridentes, gratuitamente e orgulhosamente as marcas de praticamente tudo que pagamos pra usar?
Sim somos!

Eu, etiqueta
Em minha calça está grudado um nome
Que não é meu de batismo ou de cartório
Um nome... estranho
Meu blusão traz lembrete de bebida
Que jamais pus na boca, nessa vida,
Em minha camiseta, a marca de cigarro
Que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produtos
Que nunca experimentei
Mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
De alguma coisa não provada
Por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
Minha gravata e cinto e escova e pente,
Meu copo, minha xícara,
Minha toalha de banho e sabonete,
Meu isso, meu aquilo.
Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
São mensagens,
Letras falantes,
Gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidências.
Costume, hábito, premência,
Indispensabilidade,
E fazem de mim homem-anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É duro andar na moda, ainda que a moda
Seja negar minha identidade,
Trocá-lo por mil, açambarcando
Todas as marcas registradas,
Todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
Eu que antes era e me sabia
Tão diverso de outros, tão mim mesmo,
Ser pensante sentinte e solitário
Com outros seres diversos e conscientes
De sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio
Ora vulgar ora bizarro.
Em língua nacional ou em qualquer língua
(Qualquer, principalmente.)
E nisto me comprazo, tiro glória
De minha anulação.
Não sou - vê lá - anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
Para anunciar, para vender
Em bares festas praias pérgulas piscinas,
E bem à vista exibo esta etiqueta
Global no corpo que desiste
De ser veste e sandália de uma essência
Tão viva, independente,
Que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora
meu gosto e capacidade de escolher,
Minhas idiossincrasias tão pessoais,
Tão minhas que no rosto se espelhavam
E cada gesto, cada olhar,
Cada vinco da roupa
Sou gravado de forma universal,
Saio da estamparia, não de casa,
Da vitrine me tiram, recolocam,
Objeto pulsante mas objeto
Que se oferece como signo de outros
Objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
De ser não eu, mas artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é Coisa.
Eu sou a Coisa, coisamente.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Hey Jude T-Mobile

Puts!
Olha o que a T-Mobile fez na Inglaterra pra divulgar a marca.
Numa sacada espetacular convidou muitas, mas muitas pessoas para um evento no dia 30 de abril no Trafalgar Square, no centro de Londres, mas fez um certo mistério sobre o que se tratava.
No dia marcado distribuiram microfones e fezeram um karaokê gigantesco com mais de 13.500 vozes cantando Hey Jude dos Beatles.

Depois vejam este também, foi o evento anterior, uma ação envolvendo dezenas de pessoas dançando no Liverpool Street Station.
http://www.youtube.com/watch?v=exkfGhz-YsU

Leis Básicas.

Uma névoa gelada pairava sobre a cidade perdida no calor. A manhã estava especialmente fria, de uma forma que há muito tempo não se via. Desejou um corpo quente do seu lado e repensou sua vida em 5 minutos, enquanto espreguiçava-se demoradamente, dolorosamente, inconformadamente.
Saiu da cama com a relutância peculiar, apenas um pouco afoita pela eminente explosão da bexiga. Não seria agradável!
Na cozinha preparou rapidamente seu café. Os olhos, vira e mexe, buscando o relógio da parede.
Sabia que estava adiantado, por isso tinha um tempo.
Abriu a geladeira num ato inconsciente e viu que a bandejinha de ovos chegou do mercado e lá ficou plastificada e quase que hermeticamente fechada. Relutante por seu estado de quase atraso, mas sem conseguir se conter, pegou a embalagem para abrí-la e guardá-los na porta da geladeira, afinal era o lugar apropriado e os dois últimos que haviam sobrado da última compra poderiam estar se sentindo sós.
“O tempo urge”, pensou. Lembrou de sua mãe dizendo que somos escravos do relógio e se apressou na lida com a embalagem dos ovos. O plástico era duro de romper, usou a faca suja de geléia de laranja.
Depois de aberta, retirou o primeiro ovo e ao depositá-lo no alto da porta, percebeu que o danado estava rachado, ele se abriu. Claro, Lei de Murphy!
Uma linda cachoeira amarela mesclada com uma outra substância transparente desceu porta abaixo vagarosamente, desesperadoramente, enfurecedoramente, até o chão.
Mas uma sensação de impotência a cobriu e a congelou, só o que pôde fazer foi comprovar a Lei de Newton, enquanto via os hipnóticos pingos dourados se desprenderem de todas as repartições da porta da Consul, tal qual uma cascata de champagne em uma pirâmide de taças de cristal.
Fitou o relógio que também estava amarelado e seus ponteiros começavam a girar numa velocidade fora do comum ao mesmos tempo que iam crescendo.
Girou e cresceu tanto que os ponteiros atingiram os armários, a pia, a mesa e as cadeiras, voou geléia, pão, biscoito, talheres, panelas , caçarolas, cadeiras, fogão, geladeira "pras quinta banda". Tudo isso girando e se misturando à gosma amarela e transparente num balé surreal e incrível que durou a eternidade de 3 segundos.
Depois de se recompor, pegou o celular enfiou na bolsa, trancou a casa e correu pra rua.
O tempo não para!

Estampada

Há uma fera em sua pele.
Ela roda ao sabor dos quatro ventos.
Há outra fera viva em seu peito
remoendo suas ideias e lamentos.

Ela quer fazer brilhar
seus flashes cor de prata.
Ela quer também libertar
a outra fera que lhe é nata.

Mulher estampada
brincos de côco
saia rodada

Ela não se aguenta.
Tem gingado na ponta do pé
é limão, mostarda e pimenta.
Ela quer, ela pode, ela é.