terça-feira, 5 de abril de 2011

Pífia


Chega fora de hora com cara de quem não quer nada.
Vejo seus ralos pelos contra a luz e a aura dourada que brilha marcando sua silueta me remete a algo tão sagrado que quase chego a ouvir Bach.
Me observa ora de frente, ora de canto de olho, com um sorriso martelado na cara que me desconcerta.
Não entendo o motivo da graça, mas permaneço ali à disposição.
Ri de minha falta de jeito e com seu silêncio cínico, me faz enredar em meu próprio embaraço quando disparo a tagarelar coisas desconexas na tentativa de nem sei o quê.
Perdida nesse transe, me coage e me permito ser o que me ordena sem palavra alguma sair de sua boca. 
Por fim, cálido, me beija e carinhosamente me chama de vadia.
Vilipendiada, humilhada e feliz, finjo que adormeço e o ouço ir embora com a promessa intrínseca de uma  volta e com a súplica por minha espera.

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A foto acima é minha.